Quando tudo se desfaz...
- Marina Linhares
- 5 de set. de 2024
- 2 min de leitura

Esse é o título de um livro de Pema Chodron, uma monja budista, que nos guia pelas intricadas veredas da impermanência e da aceitação.
As suas palavras deslizam como um rio tranquilo, e nos convidam a encarar as dores e desilusões com uma mente desperta e um coração valente.
A cada desmoronamento, sua serenidade sussurra e acolhe: "Tudo bem, você pode ficar aqui", e nesse lugar de vulnerabilidade, somos convidados a renascer em vida.
Esse ano tem sido especialmente desafiador por aqui, e o fato é que falar de impermanência é muito mais fácil do que simplesmente vivê-la. Quando tudo se desfaz, nos encontramos à beira de nós mesmos (se é que temos beira, ou borda), e assim é a vida, não sabemos de nada, não temos controle de nada.
Tenho olhado para o céu e visto como é imenso, olho para o vapor que sobe dos cafés que tomo, o tempo as vezes some, não há pensamento, não há nada, apenas uma quietude profunda e ilimitada.
Sinto falta de compartilhar esses devaneios, mas você já deve ter notado que o meu Instagram saiu do ar, foi hackeado enquanto eu trabalhava em um retiro durante o mês de julho, e dois meses depois ainda não consegui recuperar a conta. Enquanto isso, uma mudança de casa apareceu, a moto já foi apreendida e o meu sono tem se mostrado cada vez mais escasso.
Como manter um estado de presença e paz em meio ao caos? Sinto muito mas não tenho uma receita para escrever para você, mas posso compartilhar que viver o Yoga e estudar os ensinamentos budistas me ensinam talvez a maior lição de todas: aprender a lidar com a minha mente.
Como disse Pema Chodron: "(...)a jornada espiritual envolver ir além da esperança e do medo, caminhar em território desconhecido e mover-se sempre para a frente.", e com um pouco de astúcia que me cabe, eu acrescentaria as palavras dela, mover-se PARA CIMA.
Entrar em contato com a respiração, e deixá-la ir. Ser uma com a respiração à medida que se relaxa na exalação. Estar aberta e relaxar. Deixar fluir. Existe um espaço interno em que não há nada para se concentrar, e a medida que tudo se desfaz, podemos treinar conscientemente a suavidade e o desenvolvimento de uma atitude isenta de julgamento.
Nunca é tarde ou cedo demais para observar a própria mente.
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